Na internet, você é um dado. Aí, na internet, você não é mais você.

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Já escrevi sobre isso mais de uma vez, mas volto ao tema porque ele segue me intrigando e preocupando. E porque nada mudou desde que escrevi sobre ele anos atrás. Então, minha intriga continua. Não deveria ser só minha. Deveria ser sua também.

 

Primeiro, porque somos uma versão digital de nós mesmos e não nós mesmos. Isso não te preocupa? A mim preocupa demais. Quem deu direito a quem construir uma versão digital do Pyr? Eu não fui? Foi você? Acho que não também, né?

 

Poizé. Mas é assim que é. Comigo e com você.

 

Nas redes sociais (e eu estou lá porque quero, azar o meu) sou uma série de algoritmos de tráfego, que identificam meus caminhos e descaminhos, meu perfil, meus amigos e todas as nossas preferências e hábitos. Um mapa aberto digital de mim mesmo. Constituindo não o Pyr, mas o metaverso do Pyr. (Já falei sobre metaverso e vou falar mais um pouco aqui.) Mas a questão não é bem essa. É de falsidade ideológica mesmo. Eu não sou a versão que circula na web de mim mesmo e essa versão foi criada através de uma série de dados e protocolos que não tem, necessariamente, meu aval. Esse eu não sou eu.

 

Daí, fazem um monte de coisas com esse meu eu digital na internet e boa parte das vezes eu, o verdadeiro, nem fico sabendo.

 

O novo capítulo disso tudo é o metaverso: a realidade virtual se colocando à nossa volta e nós nos transformando, aí definitivamente, em seres digitais. Mark Zuckerberg quer transformar o Facebook nisso. Leia a respeito e vai entender.

 

Bom, aí fudeu de vez.O Pyr vai ser o Pyr que o metaverso do Zuck quiser.  Posso impedi-lo de fazer isso comigo? Posso, deixando o Facebook. A má notícia é que não é só no Facebook, é em vários outros lugares e não será só o Facebook que fará isso: várias companhias vão seguir esse caminho. E você e eu, ou melhor, as versões digitais de você e de mim, estaremos lá enredados nessa geringonça virtual toda.

 

Sair da internet de vez seria a única saída. Mas como vai ser difícil fazermos isso, só uma regulação digital que nos desse total controle sobre nosso eu digital resolveria essa questão. Difícil, mas se você e eu enchermos o saco de todo mundo que pode mudar isso, acho que conseguimos ter nosso self digital de volta para nós mesmos.

 

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