Claudio Olimpio: Avatar, Persona, Personagem. Ou tudo isso junto?

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Com origem em uma palavra e conceito sânscrito no hinduísmo, hoje em dia, a palavra ‘avatar’ é mais usual no espaço digital, onde “humanos realistas” ganham vida como influenciadores virtuais. Inicialmente, esses avatares digitais foram criados ​​para representar indivíduos em espaços online – como fóruns na web ou jogos de role-playing -, porém, com a crescente onipresença das mídias sociais, o desejo público por representações artificiais do “eu físico” se ampliou.

E não é novidade que mais e mais empresas estejam recorrendo a influenciadores virtuais para se aproximar dos seus stakeholders. Embora essa prática possa parecer um experimento artístico para alguns, a indústria de avatares já é uma realidade para marcas, artistas e influenciadores que estão no topo das últimas tendências, apontando seu olhar para o futuro da cultura digital.

Segundo um estudo recente realizado pela Virtual Humans e o HypeAuditor, os influenciadores virtuais têm quase três vezes mais taxa de engajamento e retenção de crescimento do que os influenciadores reais em todo o mundo. Isso significa que os seguidores estão mais engajados com o conteúdo das personalidades virtuais.

Mas qual a semelhança entre influenciadores digitais e humanos?
A maneira como esses personagens fictícios se envolvem com uma infinidade de marcas em suas vidas diárias. A vantagem que um influenciador virtual oferece, nesse caso, é a capacidade de fazer a transição entre ambientes virtuais ou metaversos, sem restrições. Um influenciador virtual permanece reconhecível em qualquer lugar, seja em um post no Instagram ou em advertising game. E as marcas não precisam se preocupar com escândalos ao trabalhar com um influenciador virtual, pois as chances de crise são mínimas já que sua presença/participação é cuidadosamente elaborada.

Todos os influenciadores virtuais, coletivamente, demonstram o que o futuro reserva para a indústria de influenciadores. Esses personagens são criados para representar marcas de maneira ampla, reproduzindo sua missão, criando uma forma de engajar, promover e vender. No momento em que um influenciador virtual opta por transmitir uma interação com um produto, torna-se uma super ferramenta inovadora na criação de narrativas fictícias, fomentando uma mensagem direta de marca.

Avatar, persona, personagem. Tudo isso junto.
Os avatares são formas de se representar no mundo, sejam eles bidimensionais ou virtuais e imersivos; com a mesma personalidade e visual alterado, permitem comportamento mais confortável. Atualmente, eles podem ser criados para uso exclusivo da celebridade (no Metaverso, por exemplo), mas também podem ser distribuídos para uso dos usuários em determinada versão ou jogo específico.

A persona é uma representação de um “pedaço” da personalidade original e fisicamente inspirada nela. Já o personagem é inspirado na personalidade original, porém, possui vida própria. Ambos também podem ser criados para criar uma aproximação “metafísica” com os fãs, permitindo que eles se vistam da celebridade em seus jogos favoritos, criando novas possibilidades para desdobramentos futuros da imagem digital e todos os elementos associados a ela.

Rostos mais conhecidos no Brasil e no mundo
“Modelos digitais” como Daisy, Candy, Shudu, Miquel rendem milhões de dólares nos mercados de publicidade e moda ao redor do mundo. No Brasil, os influenciadores virtuais estão se tornando comuns a cada dia, com alguns chegando até a ganhar um selo de verificação nas redes sociais.

Observando o movimento de algumas marcas na criação de avatares que as representam – como o CB (Casas Bahia) ou Nat  (Natura), a influenciadora Lu (da Magazine Luiza), Satiko (Sabrina Sato),  a mais nova brasileira nessa empreitada dos rostos virtuais mais conhecidos do Brasil é a Nyvi Estephan, apresentadora de games e eSports, que anunciou a chegada de sua irmã, Nalla Estephan, primeira apresentadora gamer dos ambientes imersivos/metaverso.

A Mattel é um outro exemplo de marca que fez isso bem com a VTuber Barbie. Enquanto uma boneca Barbie física ou um dos “antigos” quadrinhos de papel ficam aquém da qualificação como influenciador virtual, a recriação de um personagem em um meio virtual a diferencia de um simples “influenciador”, adotando o título de influenciador ‘virtual’.

Um mercado promissor
Acredito que, nos próximos anos, a indústria do cinema e grandes plataformas de streaming começarão a experimentar a escalação de influenciadores virtuais em papéis importantes. Com o tempo, os indivíduos terão dublês digitais multiplataforma como influenciadores virtuais, e as plataformas serão desenvolvidas exclusivamente para pessoas virtuais. Afinal, isso já está acontecendo.

Quando uma personalidade virtual em primeira pessoa é combinada com uma narrativa bem pensada e um design cativante, o influenciador virtual realmente ganha vida por si só. Com a naturalização do universo virtual e novas oportunidades na economia digital, aumentará não só o uso dos avatares, mas também sua importância em um tempo de hiper conexão.

Os influenciadores virtuais são o futuro [presente] da publicidade. Estamos em uma nova era, onde tudo é muito ágil. Mas testar, sempre, é extremamente importante para entender esse mercado.

Claudio Olimpio é sócio e CEO da DaX

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