Mesmo com cenário de positivo de alocação de recursos, a maioria dessas iniciativas não consegue atrair capital.
Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) revelou que 74% das startups brasileiras nunca receberam tipo algum de investimento desde a sua fundação. Os dados da pesquisa, que foi realizada entre maio e setembro deste ano, e ouviu 3 mil empreendedores, contrastam com os enormes aportes recebidos por empresas brasileiras em 2020, o que indica que poucas startups tem recebido grandes valores de investimento, enquanto a maioria não recebe nada.
Edson Rigonatti, sócio e fundador da Astella Investimentos, um dos mais destacados fundos de Venture Capital do País, revela que alguns fatores como: acreditar que faltava foco para o empreendedor, falta de tempo suficiente para conhecer o empreendedor, e a descrença que apesar de não ter um determinado crescimento no momento da captação do investimento, aquela startup conseguirá crescer, já fizeram com que a Astella perdesse boas oportunidades de investimentos.
“Essas foram três situações em que nós fomos dogmáticos demais. Então o que a gente se pergunta hoje é até onde vai o dogma? Quando que você abre um pouco o dogma para experimentar, para testar e ver se você muda o seu algoritmo de pensamento”, analisa Rigonatti.
Para o Head de Operações da Pipeline Capital, Alvaro Pacheco, o desafio é conseguir identificar empresas que possuam um potencial que seja maior do que o seu valor no presente. “Para quem está envolvido nos investimentos e no M&A, o enorme desafio é achar regras racionais que podem ser negociadas entre compradores e vendedores, e que estejam em consenso para estabelecer um valor de uma empresa, seja em uma troca de ações ou no momento de capitalização”, destaca Pacheco.
O fundador da Astella diz que, a cada dois ou três anos, procura passar por uma renovação para pensar no que aprendeu neste período e o que pode fazer de diferente. Rigonatti afirma que com a aceleração do mercado brasileiro, a Astella está buscando acelerar a maneira como pensa, olha e se relaciona com os empreendedores, para aprender com eles e testar coisas diferentes.
“A gente sempre recomenda para os empreendedores a investir 80% dos recursos naquilo que eles sabem fazer muito bem, e 20% em experimentar coisas novas que podem ser as novas adjacências. O investidor deve fazer isso também, investir 80% do tempo e do dinheiro para aquilo que ele tenha convicção e 20% para coisas que ele tem que experimentar, para ver se aprende coisas novas e se traz adjacências novas”, afirma o sócio da Astella.
Com um olhar no futuro, Rigonatti enxerga uma aceleração causada pela Covid-19 em segmentos como emprego, educação e saúde remotas, entretenimento em casa, além das áreas de logística de última milha, presença digital e serviços financeiros. “A gente andou quatro anos em quatro meses do ponto de vista de demandas nessas frentes. Então, eu acho que esse é o rio que está levando o mundo para uma próxima fase”, afirma o investidor da Astella.