Você já teve ter ouvido falar da expressão FAANG, que congrega num acrônimo as plataformas Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google. A esse acrônimo, talvez pudéssemos acrescentar outro, que criei agora: TABX, ou Tencent, Alibaba, Baidu e Xiaomi.
Essas são as empresas-plataforma que dominam o mundo hoje. e quando dizemos “dominam”, estamos dizendo dominam mesmo.
A vasta maior parte das atividades dos cidadãos do Planeta hoje, como cultura, relacionamento, compras e consumo, negócios, e tantas outras mais, é dominada e ocorre sobre (ou sob, se você preferir) essas plataformas. Algumas delas com forte influência em âmbitos vitais da gestão humana das sociedades em uma série de atividades vitais como a política e a economia, por exemplo.
Nunca antes a raça humana vivenciou tal dinâmica estrutural de seu ecossistema sócio-econômico-cultural. Nem tal dominação.
E o que fazer diante desse quadro?
Há que se estabelecer algum tipo de controle e limites para tudo isso, embora sempre que falamos sobre controle e limites, do outro lado temos sempre os que entendem que essa normatização pode ser uma excelente oportunidades para ocupar espaços de poder e mandar e desmandar, aí a serviço de interesses muito particulares, nem sempre em linha com o coletivo.
Tipo, se ficar o bicho pega. Se correr, o bicho come. É o dilema que vivemos.
E por se tratar de um dilema inédito e absolutamente complexo, só mesmo saídas igualmente inéditas e com o grau de complexidade que o problema exige.
Não há saída para um domínio dessa ordem de grandeza que possa não envolver os organismos internacionais. Nos fóruns globais de todos os setores e nas instituições e organizações que conseguem ter a abrangência suficiente para cutucar mais forte essas plataformas, em busca de compliance com o interesse social mais amplo, é que esse tema deve e tem que ser debatido.
Até agora, no entanto, muito pouco de efetivo foi feito nesse sentido e com esse objetivo.
O que vemos são iniciativas de blocos econômicos e de países, em um esforço mais independente, mas que é melhor do que nada, sem dúvida.
O bloco europeu é onde esse esforço parece ser mais consciente, consistente e efetivo. Ao menos no âmbito do velho continente, por vezes com reflexo no espectro geográfico internacional.
Nos EUA, onde a maior parte das empresas citadas nasceu e opera, vemos também algum movimento do Congresso, porque mesmo no País que se auto-qualifica como esteio da democracia moderna e do capitalismo aberto, mesmo lá, o excessivo domínio de corporações como as FAANG parece incomodar. E temos visto os mais destacados líderes dessas operações tendo que se explicar diante dos políticos norte-americanos, nem sempre preparados sequer pra entender o problema que tem em mãos. Fazer o que. É o que temos para o momento.
Já na China, de onde provém as demais empresas-plataforma, conhecemos a toada. Um governo centralizado em que um capitalismo estatal domina, essas empresas são autorizadas a exercer sua abrangência, sempre dentro de regras pré-estabelecidas. E, em muitos casos, a serviço de políticas de estado em que o controle e a vigilância são componentes essenciais.
E aí chegamos nas ONGs e outras iniciativas da sociedade civil organizada, que também jogam seu papel nesse tabuleiro de xadrez, mas com impacto nem sempre do tamanho que precisávamos que pudesse ser, infelizmente. Seria daí que deveria vir a melhor e mais socialmente identificada saída, mas as limitações são enormes. E a eficácia ainda limitada.
E, ainda mais na ponta dessa cadeia, há cada um de nós. Somos poderosos quando conscientes, coesos e unidos. Mas se nesse âmbito não rola, cada indivíduo pode tomar suas próprias atitudes em prol do todo, podendo ainda atuar em suas comunidades mais próximas, que é o que estou fazendo aqui.
Os benefícios que essas plataformas trouxeram para a sociedade, no meu entender, são altamente valiosos. Mas extrapolou. É preciso normatizar o excessivo.
Aqui na minha trincheira, seguirei alertando para a urgência e importância disso, enquanto puder. E enquanto você me ler.