Na última semana de junho será lançada a cartilha “Publi ou Fake: Guia de desinformação e marketing digital”, que marca o pontapé inicial do projeto Desinfo.
Elaborado pelo InternetLab, centro independente de pesquisa nas áreas de direito e tecnologia, em parceria com a agência Lema e o laboratório de comunicação Quid, o documento tem a premissa de fornecer conceitos e ferramentas para que o mercado publicitário possa construir uma base segura e adotar práticas contra o fluxo de informações falsas.
O projeto parte da noção de que as dinâmicas comunicacionais e de relacionamento entre marcas e consumidores vêm se alterando em um contexto em que o público tem exigido das empresas mais posicionamentos políticos e sociais.
A iniciativa aponta a ambiguidade de determinadas peças de comunicação como principal fator para a difusão de informações falsas junto ao público. Isso ocorre, de acordo com o projeto, quando trabalhos carregados de interesse e opinião são veiculados sem separação clara entre narrativas publicitárias e fatos jornalísticos ou científicos.
Segundo análise realizada pela Desinfo, diversas marcas fazem escolhas que acabam por promover narrativas, posicionamentos e destinação de recursos capazes de contribuir para a circulação de notícias falsas, conteúdos violentos e de baixa qualidade. Nesse cenário, o surgimento dos influenciadores digitais na dinâmica publicitária,
por exemplo, tem, muitas vezes, papel central na disseminação de desinformação.
O Desinfo ressalta que atores interessados na propagação de notícias falsas se fortalecem nas redes sociais por meio de publicidade e influenciadores com amplo alcance. Por isso, o conceito de liberdade de expressão se torna um tema crucial no debate sobre o combate à desinformação na publicidade. O projeto afirma que esta ideia se define a partir da promoção da diversidade e da superação de assimetrias de poder.
Além da cartilha, o Desinfo pretende estimular o mercado publicitário a conversar sobre todos esses temas de forma a construir uma agenda positiva para o setor. Entre as discussões propostas estão a revisão de contratos de marcas com influenciadores e agências para minimizar os riscos de desinformação, definição de critérios na gestão de mídia programática para que anunciantes garantam que seus valores sejam refletidos na operação de plataforma de anúncios e possíveis ações do mercado para combater a propagação de desinformação e violência online.