Fabiano Goldoni: O inverno das startups

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A maré baixa não foi só aqui no Brasil. Empresas americanas também fizeram seus passaralhos por lá, gerando uma série de dúvidas sobre o real valor gerado pelas empresas de tecnologia que receberam bilhões de dólares e agora estão sendo mais cobradas por resultados no caixa. O resultado do Soft Bank já é uma mostra do rombo que maus investimentos em venture capital podem ocasionar. O banco teve um prejuízo de mais de USD 20 bilhões no último ano.

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Já era esperado alguma redução do crescimento das empresas de tecnologia ocasionado durante a pandemia, quando produtos e serviços baseados em plataformas digitais ganharam mercado da noite para o dia. Alguns perderam, como o segmento do turismo. Mas outros segmentos viram um crescimento que nunca imaginaram. Agora a balança parece estar se ajustando ao momento. Tanto que o Netflix perdeu assinantes pela primeira vez e o mau humor baixou geral pela empresa. O ponto positivo é que acabou a farra de produzir qualquer filme ruim, como aquele Bird Box.

Sempre tem quem veja o copo meio cheio nas crises. Se por um lado os unicórnios estão reduzindo o ritmo, por outro há oportunidades surgindo para quem sabe esperar o momento certo. O empresário Jorge Lemann, por exemplo, afirma que é o melhor momento para investir em startups. O motivo: estão baratas. Além disso, o mercado retraído também ajuda a separar o joio do trigo na hora de ver quem é que gera valor e quem é bom só no Power Point. Um dos movimentos previstos por especialistas é o de fusões e aquisições de empresas médias, ou num estágio, digamos, de pré-unicórnio.

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Esse cenário de ajustes e oportunidades mostra que nem tudo é 8 ou 80 no mundo do venture capital. As demissões em empresas de grande destaque na imprensa não significam que há menos empregos no mercado da economia digital. Nos EUA, por exemplo, os empregos do segmento tiveram crescimento. Os demitidos dos unicórnios, em breve, estarão (se é que já não estão) em empresas menores, mais eficientes ou em outro momento de crescimento. Já comentei em outro artigo sobre a carência do mercado de trabalho em mão-de-obra qualificada para o perfil de empresa de tecnologia que recebe os maiores aportes de investimento hoje. O tal inverno do venture capital não irá, necessariamente, congelar oportunidades de trabalho no segmento.

Outro movimento que vem ganhando força este ano é o das grandes empresas desenvolvendo suas áreas de Venture Building e também contratando consultorias especializadas em processos de inovação aberta. O Corporate Venture Capital tem uma característica diferente das outras formas de investimento em inovação quanto ao seu objetivo. O investidor tradicional espera um retorno financeiro num prazo específico. Já a grande corporação, geralmente, investe em inovação para transformar seu negócio ou tomar uma fatia nova de mercado.

Os eventos de inovação estão muito mais aquecidos por conta da retomada do modelo presencial. Veremos nos próximos meses como o mercado vai se acomodar nesse inverno.

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