Nos últimos dois anos as TVs conectadas se tornaram o principal canal para consumir filmes, séries e uma enorme diversidade de conteúdos sob demanda para grande parte da audiência conectada. Muitos serviços também oferecem canais live, então os broadbanders também passaram a ver notícias e eventos ao vivo através de seus aparelhos conectados. E muitos deles reduziram o uso da TV tradicional e até cortaram o bom e velho serviço de TV paga. Mas faltava uma coisa para o streaming ser TV de verdade: esportes ao vivo.
Não falta mais. O SBT transmite esportes, e a RedeTV adquiriu os direitos da NFL. Campeonato Paulista? Tem no HBO Max. E Jogos de Inverno na Globoplay. Vix e Vix+, os serviços da TelevisaUnivision que buscam o domínio do conteúdo em língua espanhola, prometem ser o grande hub para futebol, o que inclui a maior cobertura no México da próxima Copa do Mundo. E isso muda tudo, agora não tem mais discussão, streaming é TV.
Esse – talvez o último – milestone das TVs Conectadas na conquista de seu status de TV tem impulsionado os números e projeções para o futuro. A Ampere Analysis prevê que o Brasil terá 110,7 milhões de usuários de plataformas de OTT (Over The Top, ou vídeo entregue via a internet) em 2024. A América Latina como um todo, com sua paixão por esportes, terá o terceiro maior número de usuários de vídeo digital no mesmo período, atrás apenas da região Ásia-Pacífico e Europa.
Todas essas mudanças são impulsionadas por uma conjunção de demandas latentes dos consumidores e avanços das tecnologias de suporte. Maior penetração de aparelhos conectados, melhores conexões de internet e redução de custos de serviços como Cloud e CDN, viabilizando uma experiência com qualidade broadcast via IP (internet). Quando isso é acoplado com os controles e funcionalidades do ambiente digital, que inclui sistemas de recomendação e notificação, além da conexão com mídias sociais, o streaming sai campeão.
O toque da Publicidade
Tudo isso também tem o dedo da publicidade, que é quem paga boa parte da conta. E neste campo também a tecnologia “bate uma bola” bonita de ver. Publicidade inserida em eventos ao vivo no streaming precisa lidar com o tamanho e número dos intervalos, que não são previsíveis. Ao mesmo tempo, eventos ao vivo podem ter picos de audiência não antecipados, com potencial perda de oportunidade de servir milhares ou milhões de anúncios dentro de um conteúdo altamente valorizado. Entre as soluções para esses desafios estão as tecnologias da publicidade programática, que utilizada em conjunção com a venda direta, ativa todo o potencial publicitário deste ambiente. A possibilidade de administrar picos de audiência e entregar publicidade segmentada a todos os aparelhos, e de corrigir problemas e otimizar a entrega de campanhas em real time são aspectos da tecnologia de publicidade que tornam o live streaming rentável para quem detem os direitos do contéudo. Ao mesmo tempo, atraente para as marcas que desejam se conectar com estas audiências, entregando a melhor experiência possível a quem assiste.
Agora não falta mais nada: streaming é TV.
*Rafael Pallares é CEO da Magnite para Brasil e LATAM