Como tenho escrito aqui volta e meia, Inteligência Artificial é uma coisa meio burrinha. Ela não consegue, no estágio atual, ir além de determinadas tarefas específicas para as quais foi desenvolvida. Aí, ela manda mega bem, deixando nós humanos no chinelo. Mas é específica, não é genérica.
Só que o Google – e todos os cientistas de Inteligência Artificial do mundo hoje – estão em busca dessa Inteligência Artificial genérica, que poderá saber tudo. E uma de suas empresas, a Deep Mind, na sede da companhia em UK, está dando passos acelerados para chegar onde nenhuma fonte de conhecimento artificial chegou antes.
Um dos avanços nesse sentido foi uma plataforma lançada anos atrás chamada Transformer. O Transformer consegue processar textos e dominar linguagens cognitivas, aquelas que interagem conosco, seres humanos, de forma altamente avançada. Agora, os cientistas ingleses querem fazer com que esse atalho, via domínio da linguagem essencialmente escrita, sirva também para imagens em geral, além de qualquer tipo de som. Ou seja, mimetizando todos os nossos sentidos, com exceção (ainda) do tato e do olfato..
Essa nova plataforma se chama Perceiver, que parece ser o caminho para que os estudiosos estão chamando de um “supermodelo” para o deep learning, aprendizado profundo, uma rede neural que poderia realizar uma infinidade de tarefas e aprender mais rápido e com menos dados. Um avanço considerável nessa corrida para colocar a AI no topo do domínio da ciência, das descobertas e das tarefas as mais diversas.
O Perceiver dá continuidade a tendência para a busca da generalidade, que está em andamento há vários anos. Ou seja, cada vez menos integrado em um programa de AI que é específico para uma tarefa específica. O Perceiver rompe essa barreira.
Onde isso vai dar, não sabemos. Fico, como sempre, fascinado e assustado. Mas esse é um caminho sem volta.