Eu me recusei a escrever sobre a pandemia e seus efeitos sobre os negócios e as empresas logo nos primeiros momentos da crise. Tomei essa decisão por dois motivos: muita gente na mídia e nas redes sociais, com maior ou menor qualificação para falar sobre o tema, estava já falando um monte sobre o tema; falar sobre o assunto me deixa baixo astral e as conclusões de que os impactos negativos e, em alguns casos, até bastante positivos, eram tão inevitáveis quanto óbvios, e não achei que valia a pena perder meu tempo, nem o seu, meu caro, leitor, com o óbvio.
Pois engolimos obviedades (e algumas surpresas, ok, é verdade) meses e meses a fio. Mas agora é chegada a hora de pensar em sair dessa. E como sair dessa. E o que fazer para, quando sairmos dessa, possamos estar in shape para uma sociedade certamente transformada, mas, o que é principal, de alguma forma retomando algum ritmo de suas atividades. Humanas, comportamentais e de negócios.
Vimos todos como alguns setores drivados pelas tecnologias digitais e pelas necessidades remotas dos cidadãos e consumidores foram anabolizados, como foi o caso da indústria do ecommerce e dos negócios de delivery. Idem parte da indústria do entretenimento, do wellness e outras.
Mas começamos a ver agora a retomada insinuada de setores econômicos não tão óbvios assim. Muitos deles se preparando já para uma nova fase da pandemia, em que o número de vacinados, internacionalmente, só vai subir, fazendo com que uma série de atividades possam começar a voltar a atuar de forma mais efetiva e ativa, de agora em diante.
E é agora a hora porque esta é a hora em que essa tendência apenas se insinua e é neste momento que aqueles que se moverem de forma ágil, ponderada e inteligente podem conquistar posições estratégicas em seus mercados, posições que, por sua vez, poderão se transformar em vantagens competitivas, logo ali adiante. Estamos falando de meses, não de anos.
Publiquei artigo no site da Pipeline Capital dando conta de que as bolsas estão registrando a retomada de setores altamente afetados pela pandemia, como o de aviação, viagens e lazer. Há também retomada das indústrias automotiva e de óleo e energia. Há outros.
Todos esses são indicadores relevantes de retomada.
O de aviação é emblemático, porque a informação é que as empresas do setor têm já em produção uma série de pedidos já feitos.
O de óleo e energia idem, já que são eles os setores primários que fornecem insumos para todas as indústrias e se eles estão retomando suas atividades é porque, de alguma forma, as indústrias estão retomando também.
Outro elemento importante, vital eu diria, que aponta para a retomada das economias internacionalmente, é a injeção de trilhões de dólares que Joe Biden está promovendo na economia norte-americana, num País que se tornou exemplo de um programa de vacinação urgente, eficaz e abrangente, em muito pouco tempo.
Os EUA, como motor relevante das demais economias, já está acelerando, aos poucos, mas de qualquer forma, acelerando. Ou re-acelerando se quiser.
A pandemia segue aí (pronto, não resisti ao óbvio chato). Mas ela entrará num patamar de refluxo, na medida exata em que as economias e os negócios irão, aos poucos, e no vetor inverso, acelerar.
Sim, agora é hora.