Paranoias à parte, medos exagerados à parte, descontados aqui também todos os cuidados momentâneos que tivemos todos que adotar em face às demandas sanitária impostas pela pandemia, a tendência que hoje vem sendo chamada de Touchless Society, ou Contactless Economy, se quisermos, deve seguir evoluindo, como aliás vinha já acontecendo mesmo antes do vírus.
O exemplo emblemático clássico da tendência é o projeto Amazon Go, que todos conhecemos. Lançado em Janeiro de 2018, ele se tornou emblemático como um novo modelo de varejo, em que o consumidor não tem contato físico com ninguém na loja: entra, compra e sai, tendo tocado exclusivamente nos produtos que pegou nas prateleiras.
Pois esse foi um exemplo Ocidental mais bem acabado e sofisticado de experiencias que vinham já tomando corpo na Ásia, notadamente na China, onde o varejo parece ter seu principal ponto geográfico de disrupção e inovação.
Lá existem “amazons go” já há algum tempo e a cultura do touchless evolui a passos largos.
Os diversos sistemas tecnológicos que se entrelaçam com as novas práticas de logística, distribuição e operação das empresas de varejo criam o ambiente perfeito para que essa evolução vá se ampliando, se consolidando e se sofisticando no tempo.
Por exemplo, as plataformas de reconhecimento de voz e de face, os QR Codes, além dos sistemas de pagamento por apps de contato embutidos nos celulares ou até, e ainda, todo o fenômeno das wallets digitais no âmbito dos meios de pagamento, são apenas alguns desses sistemas tecnológicos entrelaçados.
Siris, Alexas e os devices da suite Google Assistant fazem parte desse mesmo ecossistema.
O varejo deve passar por essa transformação sistemática de agora em diante, incluindo aí também a ponta mais aparente do sistema financeiro, com suas ATMs tendendo a ser mais e mais touchless.
Mas podemos incluir nesse ecossistema ainda os robôs que preparam alimentos, os dispensers das lojas de conveniência, os painéis estilo dashboards com fotos de produtos, selecionáveis por um app, para posterior entrega em casa, ou ainda os próprios drones de delivery. Exagerando talvez, poderíamos incluir até os serviços de delivery em geral, tão úteis neste momento de pandemia, mas que deverão seguir tendo sua relevância sempre. Neles, o contato com o sistema de compras é mínimo, reduzindo-se a receber a mercadoria do entregador que, no limite, pode até ser deixada no chão na soleira da porta das casas.
A sociedade de menor contato ou a economia de baixo contato, em verdade, são passos inequívocos na evolução do varejo porque trazem efetivos ganhos de eficiência (não tendo portanto, necessariamente, a ver com a pandemia em si):
- reduzem a necessidade de staff e mão de obra
- agilizam os sistemas de logística e distribuição
- otimizam a interface de compra junto ao consumidor
- rentabilizam os sistemas e meios de pagamento
É, assim, um caminho sem volta, rumo a uma sociedade mais automatizada e mais eficiente, ao menos no que se refere a distribuição, compra e pagamentos de produtos e bens.
Menos humana também, diga-se. Mas parece ser um preço a pagar.