O Brasil de 2021 vai emergir das cinzas de 2020 ainda mais digitalizado, como se cansou de dizer nos últimos meses.
2020 foi para esquecer. 2021 vai ser para relembrar, como o ano que renascemos de um pesadelo sem precedentes na História.
Pois vamos ao lado do renascimento.
Elenco aqui abaixo algumas tendências e, no que me é dado ver na minha bola de cristal, fatos e acontecimentos que deverão ter forte impacto nos negócios da economia do País e na vida das empresas em geral.
Herrar é umano. Mas ó que ando acertando nos últimos anos. Veja aí.
BV
O BV vai acabar no Brasil em 2021. Pronto, falei.
OTT
A briga do streaming deverá, em 2021, fazer vítimas e promover fusões e aquisições de empresas brasileiras no ambiente de publishing e content media. As vítimas serão as operações que não se aliarem aos grandes players globais. As fusões se darão com as empresas do setor que enxergarem que esse é um jogo global e não de fundo de quintal. Para quem ainda não sabe, o long list dos grandes players globais é: Facebook, Netflix, Amazon, Microsoft, Google, Apple, Hulu, Tencent, Rakuten, YouTube, Roku, IndieFlix, Vudu, Kakao, Line, Home Box Office, HBO, Telestra, Alphabet Inc., The Walt Disney Co. Dessas, apenas poucas deverão dominar mais amplamente o setor. Minhas apostas são Disney e Amazon. Correndo por fora, mas também poderosas, Alphabet Inc., Apple e Microsoft. Um player chinês pode furar essa barreira em algum momento.
IPOs & M&As
A onda de IPOs seguirá quente em 2021 no Brasil. A economia brasileira e seus mais destacados players, notadamente, mas não exclusivamente, do ambiente tech, perceberam finalmente que o IPO é um mecanismo de expansão e consolidação estrutural de negócios, que está ao alcance das empresas com gestão moderna e ambiciosas por expansão, no ambiente veloz e diversificado das economias de hoje em dia. Como reflexo disso, mas não apenas por isso, o mercado de M&A seguirá tambm mais e mais aquecido, porque as empresas que buscam o IPO precisam comprar assets para melhorar sua oferta na Bolsa. E as que já fizeram IPO, precisam usar sua capitalização para a diversificação de seus negócios em várias direções. Todos esses são indicadores da crescente maturidade da economia brasileira face às grandes tendências globais.
Marketplaces
Até o purtuga da padoca aqui do bairro vai abrir um marketplace em 2021. Marketplaces são, assim como os IPOs, igualmente fruto da evolução estrutural das cadeias de produção e distribuição das economias contemporâneas. Ao reunir em um único lugar diversificadas ofertas de produtos e serviços, as empresas diversificam suas atividades, ampliam seus mercados e atendem mais claramente de frente aos anseios por agilidade e comodidade dos consumidores de hoje em dia. Esse fenômeno vai tender a se fragmentar e se sub-setorizar, por clusters de negócios e segmentos da economia. Em 2021, veremos explodir o surgimento de inúmeros novos marketplaces no Brasil. O do purtuga da padoca aqui do bairro também.
Social & Conversational Commerce
São duas coisas que, em verdade, são uma só. O Social Commerce é a ampliação e incorporação definitiva das redes sociais no ambiente de compra e venda comercial de produtos e serviços. O Conversational Commerce é a adoção da interatividade e da interação, muitas vezes ao vivo e em tempo real, da narrativa e do storytelling de fabricantes e comerciantes a suas práticas de venda, notadamente no ambiente digital. Chama-se conversational porque carrega a possibilidade de que os consumidores, de fato, conversem com marcas e lojas. E, no meio do papo, comprem. O Social Commerce é a infra e o canal. O Conversational é o conteúdo e a venda. Ambos vão crescer fortemente em 2021 no Brasil.
Biometria
Na moita, mas de forma consistente e inevitavelmente crescente daqui para frente, as plataformas tecnológicas de biometria se expandirão em 2021 no Brasil. Parte significativa das grandes empresas têm já hoje, ou estão em vias de adotar, tecnologias diversificadas de gestão de dados biométricos para identificações e validações de um sem fim de tipos e usos. Tem o lado do Mal, como, comenta-se, o do banco de dados para controle de cidadãos de posse, diz-se, do Governo Federal. Na China, o governo usa, sim, a biometria para vigilância da população. Mas como toda tecnologia, tem o lado do Bem e o lado do Mal. O lado do Bem da biometria é sensacional e deve se consolidar fortemente em 2021 no Brasil.
Pagamentos Abertos
Pagamentos Abertos são os sistemas, tecnologias e legislações que recentemente se integraram e se implantaram no Brasil no setor financeiro abrindo, literalmente, esse setor, caracteristicamente fechado e normatizado por amarras rigorosas por séculos, para novas e avançadas formas de atuação. Novos códigos legais recentemente adotados pelo Banco Central permitiram a explosão de bancos abertos (open bankings), que passam a oferecer às empresas o sistema de bancking as a service. O bankings as a service permite que empresas de todos os tipos possam oferecer serviços financeiros, providas pelas instituições financeiras de mercado e novas fintechs que começam rapidamente a surgir. O fenômeno dos bancos digitais promove e se beneficia largamente disso. Os bancos tradicionais também. O varejo e o ecommerce idem. O PIX é um capítulo de destaque nisso tudo, porque além de agilizar digitalmente pagamentos e transferências financeiras, bancariza parte significativa da população que nunca botou o pé num banco na vida. Grande momento esse do setor financeiro brasileiro. Incrivelmente, com apoio positivo do Estado. Isso vai se expandir fortemente no Brasil em 2021, com os players já existentes e inúmeros outros se incorporando à tendência.
Content & Media Telcos
As operadoras do mundo telecom, como cheguei a apontar que aconteceria em inúmeros artigos que escrevi nos últimos, digamos, 5 anos, a respeito, estão se transformando, cada uma com seus próprios modelos, em empresas de conteúdo, mídia, ativação e comercialização de produtos e serviços. Baseadas em sua infra-estrtura telecom física e no fato de deter o comando do tráfego de informações e dados dos mercados e dos países, essas empresas estão agora se envolvendo no provimento e distribuição de informação, entretenimento e serviços, tornando-se, ao mesmo tempo, empresas de mídia e performance, além de potenciais plataformas de marketplaces e ecommerce. Estão virando, finalmente, um outro bicho. O bicho que sempre puderam ser, em benefício não só de si mesmas, mas de todos os ecossistemas com os quais interagem. Ou seja, quase tudo. Isso vai ficar enormemente claro em 2021. Só olhar e conferir.
O Brasil de 2021 vai emergir das cinzas de 2020 ainda mais digitalizado, como se cansou de dizer nos últimos meses. O que, para além de ser inevitável aqui e mundo afora, é algo que devemos comemorar. Vai ter todas essas tendências aí de cima, além de tantas outras que eu poderia citar aqui, incorporadas rapidamente, ao longo do ano, ao seu cotidiano de vida e de negócios.
Xô 2020. Bem-vindo fênix de 2021.
Pyr é bom ter uma visão otimista como a tua. O BV sempre é um bode no meio da sala, já está no final mesmo, sobrevivendo por aparelhos.
Infelizmente há o componente político no meio disso tudo. Desde de 2013 a política passou a fazer parte da vida das pessoas mais intensamente. E, esse quadro político está nebuloso.
O OTT é a chave da vez na mídia, mas como nos EUA irá aumentar para o conteúdo aberto, afinal o brasileiro médio perdeu capacidade de consumo e vai escolher um outro player para OTT. A grande massa estará nos conteúdos abertos, assim a Samsung, a PLUTO TV (Viacom) estão aí com conteúdos abertos. O mix entre SVOD, AVOD e TVOD atenderá o desejo e as possibilidades dos consumidores.
Estou com o seu otimismo. Afinal as vacinas estão aí, se deixarem as pessoas serem vacinadas.
Abs.