Preconceito: a última fronteira da Inteligência Artificial
Queremos a Inteligência Artificial. Mas não, não queremos o lixo da Inteligência Artificial. E dentre eles, o preconceito, é dos que menos queremos. Entenda mais sobre este preconceito neste artigo.

Preconceito: a última fronteira da Inteligência Artificial

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Vivemos no Brasil um Nirvana aparentemente distante de uma realidade que não nos toca, nem afeta. O bálsamo da ignorância é seu próprio desconhecimento. Dormimos o sono apaziguado dos incautos. Afinal, para que discutir preconceito e Inteligência Artificial num País que morre de fome?

 

Todo ato de todo Governo e todas as políticas de todos os gestores de instituições privadas e públicas dependem e dependerão cada vez mais da Inteligência Artificial. Não fui eu quem quis assim, nem sou quem prevê esse futuro. Leiamos só um pouco a respeito e estará tudo lá.

 

Programas do SUS, políticas públicas de Bolsas do Enem, regras governamentais para distribuição de benefícios, as estatísticas do IBGE, taxas de desmatamento da Amazônia, cálculos oficiais de tarifas do Imposto de Renda e de todas as tarifas fiscais, se você é preto ou é branco, e até se você morreu ou ainda (graças a Deus!) está vivo, tudo isso no âmbito do monitoramento governamental, já está sendo controlado por sistemas que dependem e dependerão cada vez mais da Inteligência Artificial.

 

Mas vamos além. Se você é uma dona de casa ou um trabalhador da construção civil, se você é trans ou não trans, se você gosta de filmes de ação ou românticos, se você prefere cerveja ou bebe chá, se tem filhos ou filhas, se viaja muito ou pouco, tudo sobre sua vida de usuário ou consumidor, e põe tudo nisso, está já, aos poucos e cada vez mais, sendo controlado e monitorado pela Inteligência Artificial. 

 

A Inteligência Artificial é um dos mais belos, fascinantes e desejados avanços tecnológicos e da ciência de todos os tempos. Sim, queremos a Inteligência Artificial.

 

Mas não, não queremos o lixo da Inteligência Artificial. E dentre eles, o preconceito, é dos que menos queremos. Aliás, não queremos de jeito nenhum.

 

Pois o preconceito é exatamente uma das mais complexas e intrincadas barreiras para o avanço de uma Inteligência Artificial equânime e que entenda as igualmente complexas e intrincadas relações humanas.

 

Inteligência Artificial não nasce de chocadeira, mas se reproduz por si só. Explico.

 

Inteligência Artificial nasce da ação humana. Fomos nós que a criamos e idealizamos seus princípios O problema é que não delimitamos direito seus fins.

 

As bases algorítmicas dos sistemas de Inteligência Artificial partem de premissas criadas por nós. Entre elas está sua capacidade de auto-desenvolvimento de si mesmas. Talvez o mais avançado princípio da ciência de todos os tempos: máquinas que desenvolvem-se a si mesmas, independentemente da intervenção humana.

 

Já na base, imputamos premissas. Mas quem, cara pálida, imputa as premissas? Quem zela pela igualdade e quem cuida do viés? Eu não sou. A esmagadora maioria dos que me lêem, também não é. É um grupo. Seja ele qual for. E, sendo ele qual for, tem lá suas próprias premissas. Sobre uma série de parâmetros. Incluindo aí todos os indicadores que coloquei acima.

 

Não, não é tudo matemática. Não, não é um sistema absoluto e impoluto. É um arcabouço de variantes que inclui escolhas. E quem faz essas escolhas? Quem as vigia?

 

Bom, quem faz as escolhas são obviamente os envolvidos no desenvolvimento desses complicados sistemas científicos. Pouca gente vigia. Se é que alguém.

 

Na real, é um processo e uma dinâmica rarefeito de segurança humanitária, seja lá isso o que for. Mas se você chegou até aqui, me entendeu. Sendo humanos todos nós, certo? 

 

A partir do pontapé inicial, que ajusta os parâmetros, daí é ladeira abaixo. A máquina vai viajando na mandioca dela, soltona e, muitas vezes, à revelia da intervenção humana. 

 

O resultado disso tem sido, de forma cada vez mais constatável, em inúmeros casos, notadamente ainda apenas em países desenvolvidos, a criação de sistemas … preconceituosos. Que privilegiam normas e padrões de quem tem o leme de comando, em detrimento dos que são comandados. Boa parte sequer sabendo que comandada é.

 

Não se engane, brasileiro ou brasileira que me lê. Sim, nosso País tem fome. Mas nem por isso devemos fechar os olhos para o que, aos poucos e cada vez mais, vai afetar todos nós. Famintos inclusos.

 

A vigília por políticas civis e públicas que mitiguem esse enorme risco embedado nessa tão fantástica tecnologia do futuro precisa nascer assim como a própria tecnologia: da base e exponencialmente. Ou já terá sido tarde demais.

 

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