Semana passada, o Facebook atingiu US$ 1 trilhão de market cap na bolsa de valores dos EUA e passou a fazer parte do exclusivo clube de, agora, 5 empresas com valor acima do trilhão de dólares: Apple, Amazon, Microsoft e Alphabet (dona do Google).
Sendo que duas dessas já ultrapassaram a barreira dos US$ 2 trilhões, sendo elas a Apple (US$ 2,249 tri), a mais valorizada do mercado agora (isso pode mudar semana após semana) e a Microsoft (US$ 2,024 tri).
E o que tudo isso significa, não só para o Facebook, como para todo o mercado e para todos nós, afinal?
Para o Facebook, significa uma conquista gigantesca, óbvio, mas significa também uma grande interrogação. De todas as 5 é aquela que enfrenta, possivelmente, um dos maiores desafios com seu modelo de negócio.
O crescimento de suas plataformas (Facebook é dono do Instagram, WhatsApp, Okulus, entre outras) nos mercados maduros está estagnando e sua expansão vem sendo garantida pelos mercados emergentes. Tudo certo, tem muito a crescer ainda. Mas há uma luzinha amarela no escritório central da companhia em Menlo Park, Califórnia.
Há semanas Mark Zuckerberg anunciou que a companhia vai apostar no que chamou de metaverso, ou seja, na internet espacial que estará em torno de todos nós e nós estaremos dentro dela (se quiser saber mais sobre o assunto, escrevi post a respeito… clique aqui para ler). Seria daí, hipoteticamente, que viria o próximo trilhão.
O alerta fica por conta do fato do mercado de publicidade digital estar cada vez mais saturado e a competição cada vez mais acirrada.
Há inúmeras saídas para quem tem bilhões de pessoas trafegando em propriedades tão populares mundo afora. Virar um banco, por exemplo. Ou um grande marketplace, entrando no quintal da Amazon, outro exemplo. Usar cada vez mais o Instagram e o WhatsApp para ambas as alternativas parece algo possível.
Se um idiota como eu está pensando coisas assim, o pessoal de Menlo Park já deve ter pensado essas e tantas outras hipóteses.
As demais 4 empresas desse dream team tem também, cada qual, seus próprios desafios, mas parcem mais prontas para um mundo de empresas plataforma, em que o ambiente de negócios se horizontaliza e as corporações passam a aturar em multi-mercados, e não apenas em um único. No caso do Facebook, o de publicidade.
Para todos nós a concentração tão gigantescamente única de parcela enorme das atividades digitais às quais temos acesso hoje em apenas 5 companhias é algo prestar muita atenção.
Trata-se de um oligopólio global como nunca vimos antes. Um poder de concentração econômico fenomenal. Com todas as implicações que isso possa vir a representar.
O congresso dos EUA está pegando no pé de todas as cinco, em busca de mitigar tanta concentração. Mas é uma batalha que não parece ter fim próximo.
Nossa dependência de 5 companhias não me parece assim tão interessante, em princípio. Por definição, a descentralização capitalista deveria ser considerada mais equânime e mais benéfica para o todo da sociedade.
Mas nem sempre o capitalismo é justo assim.
Como disse, cabe a nós acompanhar e ficar de olho, alertas como empresários, profissionais e cidadãos, em como, onde e com que profundidade isso afeta cada um. E onde isso tudo vai dar.