O consumidor sempre esteve no centro de tudo no mundo da mercadologia. Mesmo que, estrategicamente, empresas menos hábeis ou mais auto-centradas em seus próprios resultados, não tenham dito e praticado isso de forma assumida e ativa, como obviamente deveriam, ele sempre esteve la, bem no centro.
Imaginar qualquer estratégia de marketing e vendas sem considerar o consumidor nesse exato ponto geográfico estratégico, mui sinceramente, é algo para nem perdermos tempo aqui.
Isso não é hoje, com vírus ou sem vírus: foi e será sempre.
O problema é que agora, em meio a crise da pandemia, gênios da raça resolveram em vastas hordas invocar o mantra da centralidade do consumidor construindo uma espécie de meme coletivo: imagens simbólicas repetitivas, meio sem graça, sem grande compromisso com nada a não ser a sua própria e boba hilariedade.
Se você vai escrever algum artigo defendendo essa tese, por favor, não perca seu tempo. E você, leitor, se vir um artigo que defende isso já no título, não leia. Também não perca seu tempo.
Além de ser uma premissa óbvia da pré-história do marketing, a maior parte dos raciocínios agora resolveu parar por aí, na superficialidade de uma descoberta indubitavelmente relevante, mas milenarmente tardia … a da roda.
Colocar o consumidor no centro não resolve nada, absolutamente, se, para bem além disso, e de forma cada vez mais ampla e complexa, dezenas, quem sabe, centenas de práticas, conceitos, ações e tecnologias adicionais forem incorporadas as estratégias de empresas e marcas.
O ambiente de consumo e o consumidor tornaram-se enigmas da pirâmide: decifra-me ou te devoro. Não adianta nada colocar o cara no centro se, conceitualmente, não entendermos o ambiente social indecifrável e em permanente transformação comportamental a nossa volta, se não compreendermos e considerarmos o acelerado e cada vez mais diversificado ambiente competitivo, cada vez mais global e concentrado, se não capturarmos a essência da Transformação Digital em toda a sua gigantesca e global magnitude, se não dominarmos em alto grau de excelência as infindáveis tecnologias hoje crescentemente a nossa disposição para ativarmos nossas estratégias de mercado, marketing e venda, se não incorporarmos a disrupção como a única matemática hoje possível da assertividade…
Poderia me estender longamente aqui nessa lista, mas você já pegou o ponto.
Coloque o consumidor no centro e não faça toda essa complexíssima, inadiável e inevitável lição de casa e vai acontecer sabe o que: coisa nenhuma.
Na medida em que a complexidade se acelera, parece que o senso comum tende ao medíocre.
Francamente.