Acordei uma barata cyborg

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Como Gregor Samsa, do conto A Metamorfose, de Franz Kafka, ontem acordei uma barata. Copiei. Com uma diferença: acordei uma barata cyborg. Coisas da Transformação Digital. Kafka ia pirar.

Tá estranho, mas não tão ruim assim.

Meu cérebro de barata cyborg está conectado na nuvem. Um barato. O barato da barata.

Minhas antenas são 5G. Meus olhos realidade aumentada. Vivo num metaverso constante. Sou um inseto Web3.

Minha mulher não gostou. Diz que só ando escondido pelos cantos. Que não tem diálogo entre nós. Ela está certa. Minha versão cognitiva do Natural Language Processing ficou obsoleta e pareço a Alexa quando não entende o que falamos. Bug do bug.

Curioso que sei tudo sobre você. Isso, você mesmo. Sei quem você é e o que fez no verão passado. E neste. Mais: sei o que você vai fazer no verão que vem. Sou uma plataforma preditiva rastejante. No escuro rodapé da sua privacidade.

Pensei em virar game pra ganhar uma grana.The Cockroach Legend.

Ruim é quando o wifi aqui de casa dá pau. Fico feito barata tonta.

Nos meus momentos de reflexão introspectiva na gaveta das cuecas fico pensando que mundo é esse que gera uma barata cyborg como eu.

Me responda você, Kafka.

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