Quando tomamos conhecimento de que a Inteligência Artificial fez isso ou aquilo, o que está acontecendo é que algoritmos criados e alimentados por um batalhão de seres humanos está operando maravilhas a partir de sua capacidade infinita de armazenamento de dados e informações, associada a sua capacidade computacional incomparável de processar tudo isso. Cada vez mais de forma dedutiva e exponencial.
Agora, o Facebook está desenvolvendo algoritmos que aprendem a desenvolver tarefas e atividades úteis e produtivas para a sociedade humana de forma mais autônoma.
Isso, em verdade, está longe de ser novidade, porque camadas da Inteligência Artificial como Machine Learning, e uma mais profunda, a de Deep Learning, já fazem isso faz tempo, como tivemos a oportunidade de contar recorrentemente aqui pra você.
A novidade do algoritmo do Facebook é que ele fez avanços na habilidade de reconhecimento de imagens e objetos sem qualquer identificação, como poucos conseguiram até agora.
O algoritmo do Facebook, chamado Seer (de SElf-supERvised), realizou um experimento alimentando-se com mais de um bilhão de imagens retiradas do Instagram e decidindo por si mesmo quais objetos se parecem e o que é cada um deles, conseguindo agrupá-los em clusters de look alikes.
“Os resultados são impressionantes”, declarou à revista Wired Olga Russakovsky, professora assistente da Universidade de Princeton que se especializou em IA e visão computacional. “Fazer com que o aprendizado auto supervisionado funcione é muito desafiador, e os avanços neste espaço têm consequências importantes para o reconhecimento visual avançado.”
A pesquisa do Facebook é um marco para uma abordagem de IA conhecida como “aprendizagem auto-supervisionada”, diz o cientista-chefe do Facebook, Yann LeCun.
LeCun é uma reconhecida pioneira na abordagem de Deep Learning, técnica que se expandiu mais notoriamente nos últimos 10 anos. E hoje é considerada como a melhor forma de programar máquinas para fazer todos os tipos de coisas úteis, como classificação de imagens e reconhecimento de voz. Caso da SEER.
Ela comenta que a aprendizagem assistida das máquinas está evoluindo para um patamar inédito de autonomia dos algoritmos e que esse é o futuro. Será essa possibilidade que vai imprimir uma escala desconhecida ainda a todas as atividades computacionais.
O Facebook lançará parte da tecnologia por trás do Seer, mas não o algoritmo em si, porque foi treinado usando dados de usuários do Instagram.
Aude Oliva, que lidera o laboratório de Percepção e Cognição Computacional do MIT, diz que essa abordagem “nos permitirá assumir tarefas de reconhecimento visual mais ambiciosas”. Mas Oliva diz que o tamanho e a complexidade dos algoritmos de IA de ponta como o SEER, que podem ter bilhões ou trilhões de conexões neurais – muito mais do que um algoritmo de reconhecimento de imagem convencional com desempenho equivalente – também apresentam problemas. Esses algoritmos exigem enormes quantidades de poder computacional, sobrecarregando o estoque disponível de chips.
Esse deverá ser um problema que a própria Inteligência Artificial resolverá em breve. E o espantoso avanço no reconhecimento de imagens, como o SEER do Facebook, mudará, então, muita coisa em nossa vida e nos nossos negócios.